Prefeitos querem escolher entre acordo no Brasil ou ação na Inglaterra por rompimento de barragem

Por Redação Agito Mais

André Merlo, de Governador Valadares, diz que decisão sobre repactuação com Vale e BHP está emperrada e pede envolvimento de autoridades.
André Merlo, de Governador Valadares, diz que decisão sobre repactuação com Vale e BHP está emperrada e pede envolvimento de autoridades. Foto - reproduçáo Foto: LINCON ZARBIETTI.
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O prefeito de Governador Valadares, André Merlo (União), defendeu que os prefeitos das cidades atingidas pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, possam optar entre continuar na ação movida pelas cidades mineiras na Inglaterra ou aceitar um possível acordo feito no Brasil com as empresas Vale e BHP Billiton, donas da Samarco.

A decisão sobre a repactuação dos valores de reparação pelos danos causados pela tragédia, que ocorreu em 2015, está paralisada pela divergência entre as partes. As empresas oferecem R$ 42 bilhões, enquanto as entidades que representam os atingidos pedem R$ 126 bilhões.

Segundo o jornal O Tempo, Merlo, que não vai disputar a reeleição por já ter cumprido dois mandatos, afirmou que a questão é delicada para os prefeitos que vão concorrer nas eleições deste ano, pois podem ser criticados pelos adversários se desistirem da ação na Inglaterra, que busca uma indenização de R$ 230 bilhões.

“É uma solicitação nossa que, quando houver a repactuação, que se tenha um tempo, depois do pleito eleitoral, para decidir sobre a desistência ou não da ação na Inglaterra”, disse Merlo, destacando o potencial eleitoral da discussão sobre o acordo. O atual prefeito disse que quer evitar o que chamou de “oportunismo político”.

No processo na Europa, moradores, afetados e familiares de vítimas da maior tragédia socioambiental do Brasil pleiteiam uma indenização de R$ 230 bilhões. Ao todo, são mais de 700 mil atingidos pelo rompimento da barragem, incluindo estados e municípios como Valadares, que teve o abastecimento de água interrompido pela contaminação do Rio Doce.

Merlo também descartou a possibilidade de que, diante da demora na definição do acordo, o caso seja levado à Justiça, abandonando a mediação atualmente feita por órgãos públicos. Apesar de elogiar o perfil técnico de quem participa da negociação sobre os valores, Merlo disse que falta “vontade política” para a solução do acordo:

“Nós não queremos que vá para a Justiça Brasileira. Se for, nós sabemos só o dia em que a ação começa, mas nunca quando termina”, criticou.

Merlo cobrou ainda a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do presidente da República, Lula (PT), e do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, na mesa de negociação, para que possam convocar os CEOs das empresas envolvidas e definir um valor:

“O governador nunca sentou à mesa. A secretária Luísa Barreto (Planejamento) é ótima, mas precisa do governador, do presidente da República, do presidente do Supremo Tribunal Federal para convocar os CEOs dessas empresas e definir um valor”, afirmou.

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