Doença Falciforme reduz expectativa de vida em 37 anos no Brasil

Por Redação Agito Mais

Estudo revela que a patologia genética afeta mais de 60 mil pessoas no país e tem maior mortalidade entre as regiões Sudeste e Nordeste. Foto ilustrativa.
Estudo revela que a patologia genética afeta mais de 60 mil pessoas no país e tem maior mortalidade entre as regiões Sudeste e Nordeste. Foto = reprodução/divulgação Governo Federal.
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A Doença Falciforme (DF) é uma condição hereditária que altera a forma e a função dos glóbulos vermelhos do sangue, causando anemia, dor, infecções e danos nos órgãos. É a doença genética mais comum no Brasil e no mundo, afetando cerca de 3,5 mil crianças que nascem a cada ano no país, segundo o Ministério da Saúde2.

Um estudo publicado na revista Blood Advances, da Sociedade Americana de Hematologia, mostrou que a DF tem um impacto significativo na mortalidade e na qualidade de vida dos pacientes. Os pesquisadores analisaram os dados de mais de 6,5 milhões de óbitos registrados no Brasil entre 2015 e 2019 e encontraram que a DF está associada a uma redução de 37 anos na expectativa de vida: de 69 anos na população geral para 32 anos nas pessoas com a doença1.

O estudo também estimou que existam atualmente 60 mil pessoas vivendo com DF no Brasil1. A maioria das mortes ocorreu em pessoas pardas ou pretas (78,6%), sendo que 52,2% eram mulheres1. As regiões Sudeste (44,9%) e Nordeste (34,6%)1 concentraram a maior parte dos óbitos, pois são as áreas onde o genótipo da DF é mais frequente3. A idade média de óbito variou de 23,5 anos no Norte a 37,0 anos no Sul. As principais causas de morte foram septicemia e insuficiência respiratória4.

A Dra. Ana Cristina Silva Pinto, médica da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (SP), professora da Universidade de São Paulo (USP) e uma das autoras do estudo, afirmou que os resultados evidenciam as desigualdades no acesso à saúde no Brasil1:

“Apesar do sistema público de saúde ter cobertura nacional, ainda há diferenças importantes na média de idade de óbito entre as regiões, o que pode sugerir iniquidades no acesso à saúde no Brasil”, disse.

A médica explicou que a DF traz muitas consequências para os portadores, como anemia crônica, crises dolorosas, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, acidente vascular cerebral, inflamações, úlceras e problemas na autoestima e na saúde mental. Ela ressaltou que, nas últimas décadas, houve avanços no diagnóstico e no tratamento da doença, mas que ainda há muito a ser feito:

“Atualmente existem medicações para minimizar as complicações da Doença Falciforme e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Porém, precisamos melhorar e facilitar o acesso da população ao diagnóstico precoce e ao tratamento”, concluiu.

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