A Polícia Federal (PF) concluiu que a Vale mentiu para os trabalhadores sobre a segurança da barragem que se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em janeiro de 2019, causando uma das maiores catástrofes ambientais e humanas do Brasil. Segundo o delegado Luiz Augusto Campidelli, a mineradora repassou informações erradas e cometeu homicídios, tornando impossível a defesa das vítimas.
Em entrevista ao portal UOL, Campidelli revelou que ex-trabalhadores da Vale confirmaram que participaram de uma simulação em 2018, onde foi apresentada uma rota de fuga que demandaria de 10 a 15 minutos de deslocamento. No entanto, a onda de rejeitos que varreu a mina levou apenas um minuto para atingir a área administrativa, onde estavam a maioria dos mortos.
A tragédia deixou 272 vítimas, incluindo dois bebês de mulheres grávidas. A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (Avabrum) cobra justiça e reparação pelos danos causados pela Vale e pela Tüv Süd, empresa alemã que assinou a declaração de estabilidade da barragem.
A PF indiciou 19 pessoas pelo crime de homicídio qualificado, sendo 11 ligadas à Vale e oito à Tüv Süd. Os nomes dos indiciados permanecem em sigilo, mas Campidelli afirmou que são os mesmos 16 réus que já respondem a um processo criminal movido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), mais três que foram incluídos pela PF.
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O MPMG acusa a Vale e a Tüv Süd de formarem um conluio para emitir declarações falsas sobre a condição de estabilidade da barragem, com o objetivo de esconder a real situação e permitir que as atividades da mineradora continuassem. O processo está em fase de instrução e ainda não tem data para ser julgado.