Caso de médica transplantada em Minas Gerais reforça a importância da doação de órgãos

Em meio a desafios na captação, especialistas destacam a urgência da conscientização e o déficit de doadores frente à alta demanda no estado.

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História de médica que recebeu um novo coração após agravamento na gestação emociona e mobiliza debate sobre saúde pública em Minas. Foto — Francis Campelo.
História de médica que recebeu um novo coração após agravamento na gestação emociona e mobiliza debate sobre saúde pública em Minas. Foto — Francis Campelo.

Um caso comovente e inspirador traz à tona a urgência e a importância da doação de órgãos em Minas Gerais. A médica Carolina Oliveira Santos, transplantada em 2024, é hoje um símbolo de superação e também uma voz ativa na luta por mais conscientização sobre o tema.

De acordo com informações da Agência Minas, Carolina sempre sonhou em salvar vidas. Formou-se em medicina em 2018, trabalhou como plantonista e iniciou residência em urgência e emergência no Sul do país. No entanto, sua trajetória sofreu uma reviravolta no fim daquele mesmo ano, quando começou a apresentar sintomas incomuns. Após exames, foi diagnosticada com cardiomiopatia hipertrófica, uma condição grave caracterizada pelo aumento do ventrículo esquerdo do coração.

Apesar do impacto do diagnóstico, Carolina respondeu bem ao tratamento inicial, conseguindo manter uma rotina ativa por alguns anos. No entanto, durante uma gestação, seu quadro clínico se agravou severamente.

“No quarto mês de gestação, fiquei muito grave. A pressão ficou inaudível, comecei a vomitar sem parar, sem conseguir me alimentar. Fui direto para a emergência”, relembra.

Ela perdeu o bebê e, com o agravamento da insuficiência cardíaca, foi colocada no início da fila de transplantes. Em maio de 2024, recebeu um novo coração.

“Se estou aqui hoje, é porque alguém disse ‘sim’. Um gesto de amor e generosidade. Eu agradeço todos os dias a essa família”, emociona-se.

Avanços e desafios na captação

Segundo o diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado, Minas Gerais tem avançado na captação de órgãos desde o fim da pandemia, mas ainda enfrenta desafios significativos.

“Já estamos com números superiores aos do período pré-pandêmico, mas ainda insuficientes diante da demanda que temos”, afirma. Atualmente, cerca de 4.100 pessoas aguardam por um órgão no estado e mais de 4.400 esperam por uma córnea.

Para enfrentar esse cenário, o MG Transplantes atua em diversas frentes: campanhas de conscientização, capacitação de profissionais de saúde para diagnóstico de morte encefálica, abordagem humanizada às famílias e parcerias com consórcios de saúde, a fim de viabilizar exames complementares em regiões com menos estrutura.

“Minas é um estado vasto e diverso. Precisamos ampliar a notificação de potenciais doadores e garantir que o diagnóstico de morte encefálica seja possível em todos os cantos do estado”, destaca Cançado.

A urgência da conscientização

Um dado impactante reforça a importância do tema:

“Temos dez vezes mais chances de precisar de um transplante do que de sermos doadores”, alerta o diretor. Isso significa que, mesmo para quem nunca refletiu sobre o assunto, a possibilidade de um dia depender de um órgão é real e próxima.

“Quem está na fila não consegue mais viver com normalidade. São pessoas dependentes de máquinas, de medicamentos e da esperança. O transplante é a única chance de recomeço para muitos”, conclui.

Hoje, Carolina segue em recuperação e tem uma nova missão: levar sua história ao maior número possível de pessoas e incentivar a conversa sobre a doação de órgãos.

“A gente só entende o que é isso quando está do outro lado. Por isso, faço questão de dizer: converse com sua família, diga que você quer ser doador. Uma simples conversa pode salvar muitas vidas”, finaliza.

Entenda como funciona a doação de órgãos no Brasil:

Doador vivo:
 É toda pessoa que, em vida, concorda com a doação, desde que o procedimento não ofereça riscos à sua saúde. Nesse caso, é possível doar:

  • Um dos rins

  • Parte do fígado

  • Parte da medula óssea

  • Parte do pulmão

Pela legislação brasileira, apenas parentes até o quarto grau e cônjuges podem doar em vida. Pessoas sem vínculo familiar precisam de autorização judicial para realizar a doação.

Doador falecido:
 É o paciente com morte encefálica confirmada, geralmente causada por traumatismo craniano ou AVC. Para que a doação ocorra, é necessária a autorização da família.

Agito Mais reforça a importância da informação como ferramenta de transformação. Histórias como a de Carolina provam que a solidariedade salva  e pode começar dentro de casa, com uma simples conversa.

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