O governo de Minas Gerais determinou o fechamento por tempo indeterminado do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), localizado no bairro Santa Efigênia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, capital do Estado. A justificativa foi a manutenção dos equipamentos. Com isso, a equipe de servidores e os pacientes do bloco operatório foram transferidos para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, que agora assume a responsabilidade de realizar cerca de 200 cirurgias mensais.
A decisão trouxe grande impacto, pois o Hospital João XXIII, além de atender mais de mil pacientes de urgência e emergência por mês, já é referência para politraumatismos, queimaduras, intoxicações e cirurgias de risco. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais notificou o governo do estado sobre a situação na segunda-feira (6 de janeiro de 2025).
Servidores denunciam que pacientes têm aguardado até duas semanas por uma oportunidade de cirurgia, o que pode agravar o quadro de saúde. Especialistas temem que a sobrecarga comprometa a capacidade de resposta do João XXIII. A transferência das cirurgias coloca o HMAL em uma função contrária à sua responsabilidade original, que era desafogar o pronto-socorro.
Segundo o jornal O Tempo, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) não detalhou que tipo de manutenção está sendo realizada no bloco cirúrgico do HMAL, nem informou quando o atendimento será normalizado. A falta de esclarecimentos resultou em um ofício solicitando a “apuração urgente das circunstâncias do fechamento do bloco cirúrgico”, assinado pelos deputados Leleco Pimentel e Padre João, e encaminhado ao Secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti. É possível que o tema motive uma audiência pública na Assembleia Legislativa nos próximos dias.
Servidores relatam que o sentimento entre os funcionários dos dois hospitais é de aflição. Devido à sobrecarga, funcionários estão sendo deslocados para outras funções fora do bloco cirúrgico do João XXIII. Segundo especialistas, a capacidade de resposta do hospital a desastres pode ser comprometida, como alertou Fausto Pereira dos Santos, pesquisador da Fiocruz Minas.
A Fhemig declarou que os procedimentos transferidos para o João XXIII “são de baixa complexidade e curto tempo de internação” e que “não houve prejuízo para os pacientes”. A entidade informou que o Hospital João XXIII possui oito salas em seu bloco cirúrgico, com capacidade para atender às demandas do próprio hospital e as encaminhadas pelo HMAL.
A situação está sendo acompanhada na Assembleia Legislativa, que cobra respostas e planeja uma fiscalização urgente para abordar a precariedade dos serviços prestados.