Limite do debate político: ainda é possível refletir em um Brasil polarizado?

Em meio a ruídos e extremismos, questiona-se se ainda é possível transformar divergências em aprendizado, sem romper vínculos ou reforçar muros ideológicos.

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Entre certezas inflexíveis e vozes silenciadas, o diálogo político brasileiro enfrenta seu maior teste: a escuta. Foto — Pinterest.
Entre certezas inflexíveis e vozes silenciadas, o diálogo político brasileiro enfrenta seu maior teste: a escuta. Foto — Pinterest.

Me vi perdido em uma roda de conversa, entre taças de vinho e discussões sobre o mundo. Falamos de impactos ambientais, economia, cultura e, inevitavelmente, esbarramos em posicionamentos políticos. Sabemos o quão delicado é abordar política e religião sem tocar em feridas próprias ou alheias. No meio desse debate acalorado, me peguei refletindo sobre o nível das discussões casuais e sobre como essas trocas de ideias terminam: com aprendizado ou com amizades desfeitas?

Essa é uma característica do nosso ciclo social. Temos opiniões divergentes, mas, muitas vezes, carecemos de embasamento técnico, histórico ou antropológico. Estamos na era dos formadores de opinião, o que pode ser positivo, se considerarmos o estímulo ao pensamento crítico. Mas e a profundidade? Estamos realmente construindo um debate ou apenas repetindo discursos prontos?

Nossos debates estão repletos de lacunas. Falta formação política, sociológica e de consciência de classe. Reproduzimos falas que ouvimos por aí, seja na grande mídia, nos grupos de WhatsApp ou em notícias de dúvia procedência. O ruído na comunicação é constante e, muitas vezes, impede que o diálogo avance para uma reflexão genuína.

Limite do debate político: ainda é possível refletir em um Brasil polarizado?


O volume das vozes aumenta. Os extremos políticos se fazem presentes. De um lado, convicções inabaláveis, do outro, um pedido sutil por espaço na conversa. Observo. Vejo pessoas com consciência política e de classe defendendo suas ideias aos gritos, enquanto outras, mais passivas, apenas buscam o direito de palavra. Qual lado estaria mais próximo do senso comum ou de um debate reflexivo?

O Brasil está polarizado e enfrenta uma ressaca política. Estamos divididos, desconfiados e, em muitos casos, excessivamente preocupados com o voto do outro. Qual é o caminho? Talvez o debate seja a resposta, desde que respeitemos o limite do outro e compreendamos que nossas crenças também são influênciadas por nossa história e vivências. O desafio está em transformar essas trocas em aprendizado, e não em trincheiras ideológicas.

Afinal, estamos debatendo para construir ou apenas para reafirmar nossas certezas?

Nota: Este texto reflete exclusivamente a opinião do autor e não representa necessariamente a posição editorial do portal Agito Mais.

COLUNISTA: Lourenzo

Instagram: @omeninolourenzo

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