Seis anos após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais ainda enfrenta desafios significativos com a segurança de suas barragens. De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), o estado abriga 43 estruturas em nível de alerta ou emergência, representando 42% do total de barragens nessa situação em todo o Brasil (102).
Em Minas Gerais, as estruturas em risco estão localizadas em 19 municípios, principalmente na Região Central, e estão categorizadas da seguinte forma:
- 15 barragens em nível de alerta: detectada anomalia que não gera risco imediato à segurança, mas que deve ser controlada e monitorada.
- 22 em nível de emergência 1: barragem com categoria de risco alta.
- 4 em nível de emergência 2: barragem com anomalia não controlada.
- 2 em nível de emergência 3: ruptura inevitável ou já ocorrendo.
As duas barragens em situação mais crítica são Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto, na região central do Estado, e Serra Azul, da ArcelorMittal, em Itatiaiuçu, região metropolitana de BH. Forquilha III armazena 19,4 milhões de m³ de rejeitos de mineração, enquanto Serra Azul contém 5,02 milhões de m³. Ambas foram construídas pelo método a montante, similar às que colapsaram em Brumadinho e Mariana, utilizando o próprio rejeito depositado para os alteamentos.
“Barragens e pilhas de rejeito, atualmente, são a nossa maior preocupação, especialmente as que estão em algum nível de alerta ou risco, mas também as que não estão, devido às chuvas extremas. A maioria dessas estruturas não tem o dimensionamento adequado para suportar essas chuvas intensas que a mudança climática vem trazendo”, afirmou Daniel Neri, especialista em conflitos ambientais da mineração e professor do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG).
Após as tragédias em municípios mineiros, a construção e o alteamento de barragens de mineração a montante foram proibidos no Brasil. A lei federal 14.066, de 2020, estabeleceu 25 de fevereiro de 2022 como data final para a descaracterização dessas estruturas. No entanto, esse prazo não foi cumprido.
Segundo o portal G1, em Minas Gerais, segundo o Ministério Público Estadual, 19 barragens foram descaracterizadas, deixando de exercer a função de barragem. O processo de descaracterização de outras 35 ainda está em andamento, incluindo as duas em situação de maior emergência. O processo da Forquilha III deve ser concluído em 2035 e o da Serra Azul, em 2032.
A barragem da Vale em Brumadinho se rompeu no dia 25 de janeiro de 2019, despejando 12 milhões de m³ de rejeito em instalações da empresa, comunidades e no Rio Paraopeba.
Barragens em risco:
- Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto
- Serra Azul, da ArcelorMittal, em Itatiaiuçu
Brumadinho após 6 anos
A tragédia de Brumadinho resultou em 270 mortes, das quais três pessoas continuam desaparecidas:
- Maria de Lurdes da Costa Bueno, 59 anos: estava de férias com a família em uma pousada soterrada pela lama.
- Nathália de Oliveira Porto Araújo, 25 anos: estagiária da Vale, estava no horário de almoço conversando com o marido por telefone no momento do colapso.
- Tiago Tadeu Mendes da Silva, 34 anos: engenheiro mecânico recém-formado, transferido para a mina em Brumadinho cerca de 20 dias antes da tragédia.